Gonzalo Márquez Cristo. Nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1963. Publicou Apocalipsis de la rosa (1988, 1990); a novela Ritual de títeres (1992); El tempestario y otros relato (1998); La palabra liberada (2001), a antologia Liberación del origen (2003) e Oscuro nacimiento (2005). Em 1989 participou na fundação da revista cultural Común Presencia, da qual é seu diretor. É criador e coordenados da coleção internacional de literatura Los Conjurados. Sua obra tem sido comentada por importantes portas e pensadores de nosso tempo, como E. M. Cioran, Roberto Juarroz, Antonio Gamoneda, José Ángel Valente, António Ramos Rosa, Alfredo Silva Estrada, Claude Fell, Roger Munier, Eugenio Montejo, Olga Orozco… Prepara um livro de reportagens sobre grandes escritores e artistas contemporâneos.
SIMETRIAS
Eu a imagino entrando na alcova; agora ela se despe: as velas se rompem e estou à deriva. Pressinto a fatalidade de seu propósito. Se ela enche sua taça de vinho – é sabido – será difícil, para mim, sobreviver.
Se ela decide apagar a lâmpada, o céu nublar-se-á, eu me extraviarei e jamais encontrarei o caminho de volta.
Ignoro se poderei me vingar: é tão longa a noite…
PIZARRO
Agora estou completamente só, rodeado de selva, e não existe uma noite em que eu não tema que amanheça.
DO INEXORÁVEL
Sou um dos gênios heréticos que se rebelaram contra o Grande Salomão, filho de Davi (que haja paz para ambos!).
Decifrando meus ardis o magnífico rei me derrotou e me castigou, me encerrando nesta página, me apanhando em suas linhas, utilizando suas palavras como cipós, me obrigando para sempre a este inútil monólogo exaltado.
Segundo se estabeleceu a minha desolação será eterna; e me é concedida apenas uma efêmera liberdade, uma interrupção em minha condenação, uma fuga deste terrível cárcere de papel, durante o breve tempo em que algum desprevenido leitor ocupe meu lugar…